Para Gabriel, a pandemia tem oferecido um grande desafio ao processo criativo |FOTO: Leonardo Thomé |
Depois de algumas semanas de “hiato”,
estamos de volta com esta nossa série tão especial dedicada aos artistas que estãosuperando as barreiras deixadas pela pandemia. E depois de três edições
voltadas à música, é hora de direcionar nosso foco a outra vertente igualmente
especial da arte: a literatura. E por isso, precisamos falar novamente sobre o
grande escritor Gabriel Alencar.
Já trouxemos aqui no Portal Boa Vista um pouco sobre a
história dele, porém não custa nada relembrar. Gabriel sempre foi envolvido com
a arte, especialmente a música. Ele também é graduado com láurea acadêmica em
Relações Internacionais, Especialista em Geopolítica e Relações Internacionais
e Mestre em Sociedade e Fronteira, atualmente trabalhando como servidor
público.
No entanto, desde 2016 vem se
desenvolvendo no campo literário, tendo participado de diversos concursos do
segmento e material publicado, como na 2ª
edição da Revista LiteraLivre (2017); a antologia "Máquina Consciencial" (2018); III Concurso Palavradeiros (2018): 1o lugar (conto); Menção honrosa
no IV Concurso Literário Icoense (2019).E
mais recentemente, participou e foi premiado pelo IV Concurso de Relato Breve "Cuéntame un cuento",
organizado pelo Centro de Estudos Brasileiros (CEB), da Universidade de
Salamanca (USAL).
“Esse concurso é fruto de um
esforço deste centro de estudos para valorizar a Amazônia brasileira, que era o
tema desta edição. Foi uma experiência singular ter sido selecionado num
concurso internacional. O concurso recebia contos tanto em espanhol quanto em
português. Então saber que concorri com gente da Espanha, Portugal e América
Latina como um todo e mesmo assim fui selecionado, imagino que não é um feito
que acontece todo dia. Foi realmente um privilégio”, conta o escritor.
O mais recente trabalho publicado
por Gabriel é o livro “Personagens não-bíblicos e suas histórias” (Cultor de
Livros), uma antologia contendo 22 contos que abordam o cotidiano de pessoas
que teriam vivido nos tempos bíblicos, enfatizando as coisas simples do dia a
dia, possibilitando ao leitor relacionar-se com as personagens e ver lutas e
vitórias com as quais possa se identificar.
“Tanto eu como a editora
acreditamos que o livro ainda tem um enorme potencial não explorado. Nós
tínhamos um planejamento de vendas do livro para o período de um ano e
atingimos esta meta em 4 meses, o que foi fantástico. Mas, mesmo assim, vemos
que o livro ainda tem potencial para voar muito mais alto. Não fosse a pandemia
ter alterado a situação, certeza que ele estaria bem mais longe. E, com certeza
foi um marco. Se antes eu me considerava um projeto de escritor, com o livro e
os comentários favoráveis que recebi, não tive escolha se não me assumir de vez
como escritor (risos)”.
Processo criativo desafiador e crítica social
E durante esse período de
pandemia, Gabriel tem reforçado em suas redes sociais seus textos curtos e
objetivos, as chamados “micro-crônicas”, adotadas por ele há um tempo. No
entanto, o distanciamento social representa um grande desafio, uma vez que sua
inspiração está no contato com as pessoas, o dia a dia, as dificuldades
humanas.
“A criatividade, por definição, a
capacidade de criar o que é novo, precisa passar pelo que é diferente, estranho
ou incomum. No meu caso, minhas histórias falam muito de pessoas, dos seus
dramas. E não há inspiração melhor do que a própria vida para isso. Mas como eu
vou conhecer e me deparar com pessoas diferentes quando não posso encontrá-las?
No fundo, por mais antissocial que eu me considere (risos), eu preciso do
contato com as pessoas para estimular minha criatividade. Sem isso (ou com
pouco disso), preciso dar uma forçada para garantir que novas ideias surjam”.
E por falar em dilemas humanos,
Gabriel tem enfatizado, de forma crítica, alguns dos problemas corriqueiros
relacionados ao comportamento da sociedade como um todo. O escritor acredita
que a arte precisa ter voz para clamar contra as mazelas da sociedade,
apresentando uma força a mais na oposição ao que é injusto, desrespeitoso e desumano.
“Na verdade, tudo tem voz. O
sociólogo alemão Max Weber já argumentava no século XIX quanto à impossibilidade
de uma expressão ‘neutra’, inclusive a científica. O grande argumento de Weber
é que não é possível produzir nenhum tipo de conhecimento que não esteja
carregado pelos pressupostos mais internos daquele que o produz. Neste sentido,
não é bem um ‘dever’ da arte, mas algo que é inevitável à expressão criativa”.
O que vem por aí?
Gabriel se dispôs a continuar
produzindo, ainda que a pandemia perdure. Atualmente continua a escrever e
submeter textos para revistas e concursos literários. No começo deste mês de
julho, dois contos seus foram selecionados e publicados pela Revista Lira, a única
revista brasileira de ficção cristã da atualidade. E ainda nesta semana, terminou
de revisar seu segundo livro.
“Será novamente uma antologia de
contos, seguindo o mesmo padrão do primeiro, mas com contos totalmente novos e
uma estrutura um pouco mais ousada. Se ele for aceito para publicação nos
mesmos moldes do anterior, deverá ser lançado ano que vem”.
Depois desta próxima obra,
Gabriel planeja escrever mais dois livros, sendo um deles, desta vez na forma
romance. “Mas vamos ver o que Deus tem preparado. Tudo que conquistei até aqui
foi por causa dEle e eu só quero trilhar o caminho que Ele escolher para mim”,
finaliza.
* Para saber mais sobre o artista:
- Instagram: @escritoraoacaso
Texto: Fábio Cavalcante - @Fabiocbv
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