O artista fez a "convocação" para o show por meio de suas redes sociais |
Conhecido
nacionalmente, principalmente no meio cristão, o músico Marcos Almeida esteve
em Roraima neste fim de semana, em uma visita motivada principalmente pela
crise envolvendo os indígenas Yanomami. Além disso, o artista fez uma breve apresentação
musical na Praça das Águas.
Com uma
estrutura de som improvisada, entre o Portal do Milênio e a praça de
alimentação, Marcos se apresentou para cerca de 200 pessoas, “convocadas” por
meio das redes sociais do artista. Lá, ele interpretou algumas de suas canções
famosas, como “Vem me Socorrer”, “Rio Torto”, “Casa” e outras que estão nos
seus álbuns mais recentes, como “Lá de Casa” (2019) e “Essa Pele Marcada” (2022/2023).
“O que
aconteceu aqui foi impressionante. Assim, o acolhimento, o carinho das pessoas,
a disposição delas. Elas mesmos produziram isso aqui. Minha ideia era só vir
com meu violão para a praça, mas quando chegamos aqui tinha toda uma estrutura montada.
Então, estou muito feliz pelo carinho que recebi”, disse.
Marcos Almeida cantou alguns dos grandes sucessos de sua carreira |
Situação
preocupante –
Marcos fez parte da comitiva da Visão Mundial, organização social da qual o
músico é embaixador, ao Estado de Roraima, cuja missão envolvia verificar de perto
a situação das crianças yanomami e buscar soluções para essa crise que ganhou
repercussão internacional, devido aos muitos casos de desnutrição, doenças e
mortes entre os povos originários.
Um dos
locais visitados pelo músico e pela comitiva foi a Casa de Saúde Indígena
(Casai), onde se encontram cerca de 600 indígenas, entre pacientes e
acompanhantes. O quadro presenciado lá, segundo Marcos, foi desolador e preocupante.
“Eu me
emocionei, chorei em muitos momentos. Primeiro, porque o Estado tem uma
proximidade maior com os povos originários, com os projetos que fazem esse
intercâmbio, como a CASAI, que recebe os indígenas. Mas no meio dessa dor toda,
dessa urgência, a gente encontrou muita singeleza e muita beleza. E eu acho que
isso que eu vou carregar para casa. Eu vou sair com a convicção de que o Brasil
não pode dar errado com as pessoas que a gente tem”, disse o músico (leia
entrevista completa logo mais abaixo).
Segundo o
coordenador nacional da Visão Mundial, Thiago Crucciti, a proposta é fortalecer
em Roraima o trabalho da organização, presente no Estado desde 2017, por conta
da crise migratória venezuelana. Para isso, somente neste fim de semana
ocorreram reuniões com representantes da Casai, Conselho Estadual dos Direitos
da Criança e do Adolescente de Roraima (CEDCAR), Funai, além do governador de
Roraima, Antônio Denarium.
“A Visão Mundial entende
muito pouco sobre o contexto indígena. E a gente não tem vergonha em dizer isso.
Mas a gente entende muito do contexto comunitário, principalmente em relação à criança.
Baseado nisso, a gente veio para estruturar nossa ação de apoio aos yanomami, de
maneira muito clara, no que a gente chama de ‘meios de vida’, ou seja, garantir
que o povo yanomami tenha condição de extrair da terra o que precisam e começar
a reconstruir suas comunidades”, disse.
Thiago
ressaltou que todos os detalhes sobre esses e outros projetos da Visão Mundial
em Roraima serão divulgados pela instituição em seu portal (https://visaomundial.org.br) e nas redes
sociais.
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Entrevista
Marcos
Almeida é músico multi-instrumentista, compositor, arranjador, professor e
escritor. Tornou-se conhecido nacionalmente no início da década de 2010, como vocalista
da banda cristã de rock alternativo Palavrantiga, com quem lançou quatro álbuns
e um EP.
Desde 2014,
a partir de um hiato da banda, Marcos passou a focar em sua carreira solo. Além
de compor para artistas como Lorena Chaves, Arianne, Mahmundi, entre outros,
também lançou os álbuns “Eu Sarau – Parte 1” e “Eu Sarau – Parte 2” (2016), “Lá
de casa” (2019) e a tríade “Essa Pele Marcada” (2022/2023).
Durante sua
passagem pela cidade, ele falou rapidamente com o Portal Boa Vista. Confira:
PORTAL BOA VISTA – Como
embaixador da Visão Mundial, e pelo que viu com a situação dos yanomami, já
tinha visto algo semelhante ou realmente é uma situação que justifica o mundo
inteiro estar com os olhos voltados a Roraima nesse momento delicado?
Marcos Almeida
– Sem
dúvidas, é algo impressionante. Eu me emocionei, chorei em muitos momentos.
Primeiro, porque o Estado tem uma proximidade maior com os povos originários,
com os projetos que fazem esse intercâmbio, como a CASAI, que recebe os
indígenas. Mas no meio dessa dor toda, dessa urgência, a gente encontrou muita
singeleza e muita beleza. E eu acho que isso que eu vou carregar para casa. Eu
vou sair com a convicção de que o Brasil não pode dar errado com as pessoas que
a gente tem, com a disposição de diversas frentes da sociedade civil e também
governamental e das Forças Armadas, Cruz Vermelha, Unicef, Visão Mundial, tanta
gente que quer ajudar, sabe? A gente tem que sair um pouco desse espaço de
provocações, de culpar pessoas e resolver. Sabe essa criança que eu mencionei
enquanto cantava, ela estava chorando de saudade da terra dela, sabe? Então ela
não sabe nem quem que é ‘X’, quem que é ‘Y’ na política e etc. E a gente tem
que sair disso. Ser mais pragmático, no
sentido de resolver, sabe? O que que
estamos fazendo para resolver. E eu como músico, como compositor, membro aqui
dessa Comitiva da Visão Mundial, me sinto privilegiado de poder dar uma contribuição,
mesmo que seja pequena, mas somando tudo já vai fazer uma diferença, né.
PORTALBV –
Falando sobre os seus trabalhos, recentemente, você lançou um novo álbum – “Na
sua Pele”. Mas fora este, há outros trabalhos a ser lançados ao longo deste
ano?
Marcos – Sim, sim. Eu tenho
trabalhado também na leitura de um repertório popular, né, Que transpira a
espiritualidade, que conversa com as nossas vivências. E aí, eu há 10 anos
estudo sobre a música brasileira. Existe um projeto para interpretar essas
canções, que são escolhidas a dedo. Mas quem quiser saber mais, é só procurar
lá nas minhas redes. E eu estou fazendo o encerramento dessa turnê, “Essa Pele
Marcada”. Logo, eu vou estar circulando pelas cidades próximas, quem sabe em
Boa Vista. E tem mais uma parte do show, que ainda não saiu. Pois estamos
fazendo em blocos. Então vai sair agora, no início de fevereiro. E vamos que
vamos. Espero que todos curtam.
PORTALBV –
E qual foi sua impressão aqui sobre a cidade de Boa Vista?
Marcos – Maravilhosa. O que
aconteceu aqui foi impressionante. Assim, o acolhimento, o carinho das pessoas,
a disposição delas. Elas mesmos produziram isso aqui. Minha ideia era só vir
com meu violão para a praça, mas quando chegamos aqui tinha toda uma estrutura montada.
Então, estou muito feliz pelo carinho que recebi aqui. Muito obrigado a todos.
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